Foram discutidos também meios para evolução e qualidade de vida dos pacientes
Família, acompanhamento médico e terapia: três elementos fundamentais para o tratamento de transtornos mentais. Esta é a conclusão de Daildo Magalhães, escritor e usuário da rede de saúde mental de Vila Velha. Ele participou de debate, nesta segunda-feira, do evento “Integração e Inclusão: Saúde Mental, uma questão de todos”.
O encontro abordou a importância dos usuários e familiares para efetivação dos serviços públicos de saúde mental e deficiência intelectual, bem como os meios pelos quais esses grupos podem melhorar seus desempenhos e qualidade de vida. O debate foi organizado pela Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), por meio do Núcleo de Educação em Direitos (Nudedi), coordenado pela Defensora Geana Cruz.
A partir do encontro, a Defensoria pretende construir um espaço de comunicação e troca de experiências com o intuito de discutir inovações nos serviços já ofertados, um lugar para apresentar um balanço das ações, avanços e desafios.
Estiveram presentes no debate usuários da rede de saúde mental, parentes de usuários, psicólogos, autoridade da Secretaria Municipal de Saúde de Vila Velha (Semsa), entre outros. Ao final do evento, foi elaborado um Memorando de Entendimento pela DPES, baseado nas contribuições do público.
Este documento visa convocar as administrações públicas municipal (Vila Velha) e estadual para se manifestarem acerca de projetos de saúde mental existentes e estabelecerem um prazo máximo à população para a implantação e oferta de serviços no município em questão.
Acesse o memorando e saiba quais são esses serviços
Tratamento adequado e superação
Daildo Magalhães, o escritor citado no início da matéria, está há 14 anos na luta contra a esquizofrenia. Graças a um tratamento adequado, ele conseguiu vencer o transtorno. Para ele, a família, o acompanhamento médico e a terapia dão ao paciente com transtorno mental 99,9% de chance de superar a doença.
Na construção de seu segundo livro, que será lançado no primeiro semestre do ano que vem, Daildo diz que a esquizofrenia foi uma escada para ele conquistar objetivos e sonhos. Mas ele ressalta a importância do tratamento, especialmente da terapia.
“Gostaria de deixar os abraços aos psicólogos e assistentes sociais. Eu vejo neles muitas Nise (referência à psiquiatra Nise da Silveira). Eles são a porta de entrada para a reinserção na sociedade. Se eu não tivesse ido para a terapia, jamais teria escrito um livro.”
Para Daildo, se todos tivessem a oportunidade que ele teve, vários outros livros e obras de arte teriam sido publicados. “Eu digo que eu escrevi um livro. Eu digo que, se a cultura da cidade funcionar, a saúde mental em Vila Velha vai escrever vários livros. Nós temos vários escritores, vários artistas aí que são capazes de fazer isso.”, completou.
Falta de informação
Além da falta de serviços básicos de saúde para o tratamento de transtornos mentais em Vila Velha, a falta de informação também dificulta a vida das famílias que precisam de ajuda para seus parentes.
“Nós não temos informação. Não temos órgãos que divulguem diretamente para o familiar como a gente tem que agir, de que forma podemos ajudar, quais os procedimentos para cuidar”, desabafou Maria do Socorro Monteiro, mãe de usuário da rede de saúde mental de Vila Velha.
De acordo com a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do município, Rita Galvão, que está há um mês e meio no cargo, o órgão tem se comprometido com a causa e está na busca de aproximação e apoio da sociedade.
Por Leandro Neves