O preconceito que sofrem as pessoas com transtorno mental ou deficiência intelectual, a necessidade de melhorar a comunicação com essas pessoas e o respeito devido a elas deram o tom da segunda parte do curso de capacitação para Defensores Públicos, estagiários e servidores, no primeiro dia do evento “Saúde mental, uma questão de todos!”, realizado em Vila Velha, nesta sexta-feira.
“O problema não são as pessoas”, alertou a Defensora Pública e idealizadora do evento, a Doutora Geana Cruz de Assis Silva, como uma das palestrantes. “O problema são as barreiras como o preconceito, a dificuldade de ouvir essas pessoas, de entendê-las em sua linguagem e acima de tudo, o desrespeito”, continuou Geana.
Para ela e os demais profissionais que palestraram, como as psicólogas Camila Mariani e Cláudia Moura, que atuam na rede de atendimento à saúde mental, em Vila Velha, a crença ultrapassada, e antes de 2015 amparada por lei, de incapacidade absoluta não se aplica a essas pessoas.
Valendo-se de dados estatísticos, conceitos e detalhamento das mudanças na legislação sobre o tema, além de orientações práticas, esses profissionais mostraram que o conhecimento é, acima de tudo, necessário para atender às pessoas com transtornos mentais e deficiência intelectual da maneira mais humanizada e qualificada possível.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população mundial tem algum tipo de transtorno mental e no Espírito Santo, cerca de R$35 milhões são gastos pelo Governo do Estado, anualmente, com internações compulsórias. “O que deve ser o último recurso. Essas pessoas e também suas famílias podem contar com uma rede municipal de atendimento em saúde. Devem-se esgotar todas as possibilidades antes da internação compulsória que, na maioria dos casos, é desnecessária. Os manicômios não podem voltar”, explicou Geana.
O evento “Saúde mental, uma questão de todos” faz parte do projeto “Integração e Inclusão” idealizado pela Doutora Geana, começou nesta sexta-feira e terá continuidade nos dias 9 e 11 deste mês, no auditório Araceli Cabrera Crespo, no Núcleo de Atendimento de Vila Velha. O endereço é Avenida Saturnino Rangel Mauro, 1479, Praia de Itaparica, e o telefone de contato (27) 3149-0200. A programação completa pode ser acessada aqui. O projeto “Integração e Inclusão” tem como objetivo integrar a Defensoria Pública à rede de atendimento à pessoa com transtorno mental e deficiência intelectual de Vila Velha.
“Um dos nossos objetivos é mostrar que as pessoas com transtornos mentais podem viver com qualidade de vida, se devidamente assistidas. Podem trabalhar, podem criar, podem ter esperança e também podem ser felizes”, explica a Doutora Geana.
Por Wesley Ribeiro